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Estou viva como uma fruta madura...

  • Foto do escritor: Ana Sou
    Ana Sou
  • 24 de out. de 2024
  • 1 min de leitura

Estou viva como fruta madura

já dona dos invernos e verões,

avó dos pássaros,

tecelã do vento navegante.


Meu coração ainda não foi educado

e, menina, eu tremo ao pôr do sol,

Estou deslumbrada com o verde,

as marimbas e o som da chuva

germinando com a minha barriga molhada,

quando tudo está mais suave e brilhante.


Eu cresço e não aprendo a crescer,

Eu não estou desapontada,

nem me torno uma mulher envolta em véus,

descrente de tudo,

lamentando seu destino.

Não.

A cada dia,

meus olhos crescem de espanto,

da terra nascida,

a canção do povo,

os braços do edifício operário,

a vendedora com o seu bouquet de crianças,

as crianças felizes caminhando para a escola.


Sim.

É verdade que às vezes fico triste

e eu saio para as estradas,

solta como o meu cabelo,

e eu choro pelas coisas mais doces e ternas

e eu guardo memórias

brotando entre meus ossos

e eu sou uma espiral infinita

que torce entre luas e sóis,

avançando nos dias,

tempo de relaxamento com medo ou autoconfiança, desembainhando estrelas

subir cada vez mais alto,

caçando o ar,

regozijando-me no ser que me sustenta,

na eterna maré de altos e baixos

que move o universo

e isso impulsiona as voltas da terra.


Eu sou a mulher que pensa.

Algum dia meus olhos

Eles acenderão vaga-lumes.


GIOCONDA BELLI


Eu acrescento...


"Eu sou a mulher que do que pensa

Se renasce e sente

Na plenitude do tempo

Presente

Que o arco íris é sinfonia de esperança

Num olhar que de inocente

É consciente."


Ana Sou

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