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Imagem de Free-Photos por Pixabay

O caminho da Cura
(o Retorno do Sagrado ao Coração)

Todos nós, Mulheres e Homens, sofremos com e carregamos em nós feridas ancestrais. Feridas que se conjugaram todas nesta Era para nos pedirem para nos reencontrarmos, para aprendermos a voltar para casa.
Não é por acaso que reencarnaste agora. Não é por acaso que te sentes como sentes, que enfrentas os desafios que enfrentas. Sim. Nem todos temos o papel de curar o Mundo mas todos temos o papel, e o poder, de curar o nosso Mundo, o nosso Eu… e tudo muda a partir daí.

Ao longo deste processo de cura somos levados a confrontar nas atitudes, nas palavras e nos gestos dos outros aquilo que nos ensombra, ou seja, aquilo que temos na nossa própria sombra. Ninguém te pode fazer mal a não ser que o permitas. E só o permites, não por seres masoquista e gostares de sofrer, mas porque em alguma parte de ti escondes essa energia que o outro te envia e faz sofrer.

Quando chega a hora de observar o processo da dor, é muito fácil separar Mulheres e Homens. Todos temos enraizado que as mulheres são mais sensíveis, sentem mais, entregam-se mais, têm tendência a querer salvar todo o mundo prejudicando-se a si mesmas, têm tendência a esconder-se atrás de máscaras, dos papéis vários que acreditam ter de assumir, que choram, que têm alterações de humor drásticas, que são “aluadas” e deviam de vir com livro de instruções dada a sua complexidade e natureza sagrada. Já dos Homens pensamos que estes são insensíveis, durões, competitivos, ambiciosos, incapazes de expressar sentimentos e que mesmo quando o fazem não são inteiramente autênticos, que são guerreiros, que têm de ser “másculos”, que vivem orientados para o material e desconectados do Eu …
Nada disto pode estar mais afastado da realidade. Todos, Mulheres e Homens, em dado momento das nossas vidas, partilhamos destas características mas enquanto umas aceitamos por se enquadrarem no nosso género, outras rejeitamos. Ou ainda mais grave, ao querermos tanto distanciarmo-nos daquilo que criticamos, criticando, fazemos ainda pior assumindo posturas extremas e arrogantes.
Mas esta revolta e esta dificuldade em processar a dor não se fica por aqui. Quantas e quantas vezes não desconfiamos de quem temos ao lado, não somos capazes de partilhar o que nos vai na alma e no coração, seja com um(a) parceiro(a) ou outro ser do mesmo sexo. É muito fácil para as mulheres criticarem-se umas às outras, é muito fácil não confiarmos e atribuirmos ao outro a culpa do que nos atormenta, demitindo-nos da nossa responsabilidade.

Todos fazemos isto e porquê? Porque todos estamos cá para trabalhar a impotência, o desconforto, o medo e o abandono. Todos. Sejamos Mulheres ou Homens!

Custa assumirmos que somos mais ínfimos que um grão de areia para a imensidade do Cosmos, custa percebermos que não controlamos nada, qua a vida segue um curso muito próprio, inexorável, e que só cá estamos para viver as nossas escolhas. Para cairmos à custa delas e aprendermos a erguermo-nos também por elas. Tudo é uma escolha e se eu as faço, tu também as fazes… para cada Eu há um Tu e um Nós, que é a interligação da energia das duas acções, das duas energias, combinadas.

Não há como ser de outro modo e perceber que não podes controlar, que podes não ser aceite, que podes ser rejeitado e enfrentar a solidão, que podes ter de enfrentar os teus medos para seres capaz de ver a luz ao fundo do túnel. Dói e muito.
Tanto que a maior parte das vezes escolhemos viver em mentira e recorrer às energias da manipulação para minimizar o sofrer.
O nosso instinto de sobrevivência tantas vezes fala mais alto. Por ele cometemos as maiores atrocidades, insultando, humilhando, manipulando, usando o outro só para evitar o nosso sofrer mesmo que tais atitudes hipotequem a nossa Alma, que é o que acontece quando recorremos a rituais, mezinhas e bruxaria negra.

Muito se fala do retorno do Sagrado Feminino e do Sagrado Masculino.
Surgem cada vez mais círculos, mais grupos que visam dar poder às mulheres, reconectá-las com a verdade do seu Ser, do seu útero, da sua visão.
Felizmente, após termos vivido a tendência dos extremos com os movimentos extremistas “feministas” a comportarem-se como o que criticavam, agora assistimos também à consciência de que um novo Homem urge e surge.

Acima de tudo, não há um Sagrado Feminino e um Sagrado Masculino, há um Sagrado em fusão, um Sagrado do coração.
Não há Homem, que mesmo sendo Homem não carregue em si as feridas do Ser Mulher. E porquê? Porque foi gerado no ventre de uma mulher. Porque foi alimentado in útero pelas suas emoções, medos, inseguranças… Porque nasceu delas e foi criado por ela. Por isso, além da ferida que carrega de séculos em que lhe foi impossível sentir, conectar-se ao seu Eu, ainda carrega aquilo que, racionalmente, não entende, que é a memória da conexão à sacralidade e as acções cometidas que quase destruíram essa conexão perpetradas pelos seus irmãos … que enorme dor e que confusão!

Como curar ambos?
Começando pela Mulher.
Quando nós aprendemos a dizer “Não”, largamos as máscaras, deixamos de permitir que o nosso corpo seja usado por simples satisfação física ou para combater inseguranças próprias (já sabemos que numa relação sexual absorvemos a energia do Homem e devolvemos-lhe o alento da Vida em cura, ficando nós a alquimizar toda a dor) … Quando nos permitimos tornar Inteiras, enfrentando os nossos medos, reconhecendo, aceitando, perdoando, curando e amando, iniciamos o processo de responsabilização e cura do masculino.
A uma Mulher inteira só pode corresponder um Homem Inteiro.
É um processo de enorme coragem para os dois.
É um processo de confronto e lapidação constante, em que cada um vai espelhar os seus medos e sombra no outro. Mas, quando a Mulher se coloca no seu lugar, com integridade à sua Alma e determinação, assumindo que as suas atitudes vão deixar o outro sem chão e aceitando o processo sem julgamento… permitindo que o outro sofra na sua presença e não lhe podendo estender a mão, a não ser a si própria (que tem de continuar a edificar durante todo o processo), sem apego ao resultado e continuando a sustentar o amor no coração, aí sim, ocorre a alquimia e o Homem percebe que tem estado fragmentado, escolhe-se e ao fazê-lo cura-se e, também ele, contribui assim para a cura efectiva da Mulher.

Ser Mulher e Ser Homem é ser o Yin e o Yang… um movimento perpétuo e indissociável que nos reconecta com o Sagrado do Coração, com a verdade da Criação.
Este é o convite! Esta é a Missão!

Ana Sou

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